quinta-feira, 21 de abril de 2011

MORTE

Na raiz do pensamento dito ocidental e em toda história da filosofia, a morte sempre evocou as mais complexas discussões. Para os pré-socráticos, ela abrange a existência humana. Heráclittoa, por exemplo, parece inserir a morte em sua concepção cosmológica de oposições complementares. De tal forma que a morte é condição da vida. Assim, “cumpre admitir que a vida da alma individual, segundo Heráclito, termina na morte. A vida dos seres vivos na terra é efêmera, remetendo depressa à radical conclusão desta vida”. Chamado por alguns de “o obscuro”, Heráclito partiu, em seu pensamento, que atravessou os séculos apenas fragmentado, do ponto ao qual almejamos chegar: não se fala de vida se não pela morte, não se compreende a morte se não pela vida.

Platão, a seu turno, rompe com essa concepção da morte negando sua plenitude. É a origem do conceito de dissociação alma-corpo. Entre seus Diálogos encontra-se a famosa resposta de Sócrates, resoluto ante a iminência de sua morte, ao aborrecido Cebes: “É chegado o momento que eu exponha a vós, que sois meus juízes, as razões que me convencem de que um homem, que haja se dedicado ao longo de toda sua existência à filosofia, deve morrer tranqüilo e com a esperança de que usufruirá, ao deixar esta vida, infinitos bens”.
Gabriel Monteiro